A “Causa Mortis” de um Anjo
Pode
alguém estar morto e vivo ao mesmo tempo? Esta era a situação de muitos membros
da igreja de Sardes: nome de vivo, morto de fato (Ap 3.1).
A morte
física é uma certeza para todo ser humano, exceto para os salvos que estiverem
vivos no advento do arrebatamento (1 Ts 4.17). Já no âmbito espiritual, segundo
a Bíblia, todo homem sem Cristo está separado de Deus: “Porque todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Encontra-se morto, como diz o
apóstolo Paulo: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito
amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos
vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou
juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Ef
2.4-6).
O que
leva à morte espiritual? O texto citado esclarece: ofensas e pecados (Ef 2.1). “Porque
o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por
Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6.23). O andar “segundo o curso deste mundo,
segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos
da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos
da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” (Ef 2.2-3). Na
carta dirigida à igreja de Sardes, Jesus Cristo destaca a pureza de alguns em
contraste com a contaminação das vestes de outros. O pecado é uma mácula que separa
a criatura de seu Criador e que só pode ser limpa pelo sangue do Cordeiro de Deus
(Ap 7.14). Com Sardes aprendemos também que, mesmo aqueles que um dia foram
alcançados pela salvação em Cristo, podem decair da graça (Hb 10.26-29).
Mas, o que é pecado para uma sociedade sem
valores definidos, onde tudo é relativo ou resultado de acordo coletivo? O que
é pecado para um nicho religioso onde
Deus, conforme se prega, não exige santidade, apenas garante lucros e
vantagens?
À
luz da Bíblia, o pecado pode assumir várias formas distintas. Uma definição
para pecado seria: aquilo que contraria as normas divinas, uma rebelião contra
o próprio Deus. Além de nossa própria natureza
pecaminosa (Rm 5.8; Ef 2.3), o pecado implica tanto em atos pecaminosos (Ex 20.3-16), como
em atitudes pecaminosas (Ex
20.17; Mt 5.22,28), sendo cada indivíduo totalmente responsável diante de Deus
por seus pecados (Ez 18.20).
A
maioria de nós somos tão instáveis que, muitas vezes, paulatinamente aceitamos
o que à primeira vista abominamos. Para citar um exemplo, uma pessoa chegou em
casa após o culto em sua igreja e ligou seu televisor, quando passava um
programa que foi prontamente rejeitado. No dia seguinte resolveu espiar o mesmo
episódio e já não o achou tão terrível assim. Foi se acostumando, se
identificando com os personagens, tudo ficou natural. Até que um dia houve reprise
daquele primeiro programa e nosso telespectador o assistiu normalmente. Só ao
final caiu em si, o programa não mudara, ele sim, já não era o mesmo. Infelizmente,
esta história é recorrente em nossos dias. As imagens que condenávamos, agora têm
outra conotação. As cenas de violência, luxúria, demonismo, terror,
subversão... mesmo que não aceitas, são em grande parte toleradas.
A
igreja de Sardes não conviveu com tão forte pressão midiática. Todavia, teve
seus percalços ao longo da jornada. Faltou-lhe vigilância, dedicação ao trabalho,
esmero no ensino da Palavra, pureza no andar (Ap 3.2-4).
Por
fim, Jesus Cristo foi categórico: o anjo da igreja de Sardes estava morto, e
com ele a maior parte de seu rebanho. A “causa mortis”: o pecado. A solução: o arrependimento
(Ap 3.3).
Que
Deus nos livre de tamanha tragédia espiritual! Que não sejamos fatalmente
atingidos por este mal e percamos assim a comunhão com Cristo, a garantia de
vida eterna com Deus.
Israel Oliveira.
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