LIÇÃO
11 – NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO
TEXTO
ÁUREO
"Não admitirás falso rumor e não
porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa." (Êx 23.1)
VERDADE
PRÁTICA
O nono mandamento proíbe a mentira, o
mexerico e o testemunho falso contra o próximo tanto no dia a dia como nos
tribunais.
INTRODUÇÃO
O nono mandamento se aproxima do
terceiro, pois envolve a questão da mentira. "Não dirás falso testemunho
contra o teu próximo" não se refere apenas ao depoimento num tribunal, mas
também ao relacionamento diário com aqueles à nossa volta. Aqui temos uma lição
para os que agem, ainda que inconscientemente, como se o pecado se restringisse
a assassinato, adultério e furto. Ninguém deve pensar que a mentira e o falso
testemunho são menos graves que os demais pecados citados no Decálogo. A Bíblia
coloca no mesmo nível todo aquele que tem a mentira como estilo de vida.
I -
O NONO MANDAMENTO
1. Abrangência. O
mandamento não se restringe apenas ao campo do processo legal; há implicações
vinculadas às atividades da vida diária (Dt 17.13; Lv 19.16). A ruptura desse
mandamento podia solapar a característica básica da aliança, a fidelidade de
Deus para com o homem, do homem para com Deus e do homem para com o seu
próximo.
2. Objetivo. É
duplo, em defesa da honra e da fé. Trata-se da proteção da honra e da boa
reputação no campo social. O propósito divino neste mandamento é erradicar a
mentira, a calúnia e a falsidade do meio do povo (v.20; Dt 17.13). E não
somente isso, mas também promover o bem-estar social e a fraternidade entre os
seres humanos. No tocante à doutrina, o mandamento torna-se uma muralha de
proteção contra os falsos ensinos teológicos (2 Co 13.8).
3. Contexto. O
nono mandamento com suas normas na legislação mosaica mostra a administração da
justiça em Israel. O termo “Juízes”, em hebraico, shophet, “juízes, árbitro, conselheiro
jurídico, governante” (Dt 19.17), é ha-E-lohim, literalmente “Deus” na passagem
paralela (Êx 22.8,9). A tradução literal seria “perante Deus” como aparece na
Septuaginta e na Vulgata Latina. Este uso é padrão para o verdadeiro Deus no
Antigo Testamento e não deve ser traduzido como “deuses” por causa do artigo. O
emprego de “juízes” aqui é legítimo e ninguém questiona essa tradução. As
versões rabínicas empregam “perante a corte”. Os juízes representavam o Deus de
Israel nos julgamentos.
II -
O PROCESSO
1.
Responder em juízo. O mandamento "Não dirás falso
testemunho contra o teu próximo" (Êx 20.16; Dt 5.20) reflete o aspecto
legal e isso é conhecido pelos termos usados e por sua regulamentação na lei. O
verbo "dizer", anah, em hebraico, "responder", abrange
amplo significado. É usado para indicar o ato de declarar solenemente (Gn
41.16; Dt 27.14), de testemunhar a favor (Gn 30.33) ou contra (2 Sm 1.16). A
resposta, aqui, diz respeito aos interrogatórios na corte. Essa característica
forense aparece na legislação sobre o tema (Êx 23.2; Dt 19.16-19).
2.
Falso testemunho. O termo hebraico ed,
"testemunho", emedshaw, literalmente "testemunho vão" (Dt
5.20), ou edshaqer, "falso testemunho" (Êx 20.16), diz respeito a uma
mentira, a uma declaração conscientemente falsificada. O termo hebraico shaw,
"vão, inutilmente, à toa" (veja lição 5), indica algo sem valor,
irreal no aspecto material e moral. Aqui se trata de alguém que fala em vão,
sem fundamento, que faz acusação sem validade e sem consistência, portanto
falso. A tradução de Deuteronômio 5.20, na Septuaginta, acrescenta "com
testemunho falso", assim: "Não testemunharás falsamente contra o teu
próximo com testemunho falso".
3. O
próximo. É a primeira vez que o termo aparece no Decálogo. O
próximo, em hebraico, rea, indica outra pessoa, vizinho, amigo, parceiro. Essa
palavra se refere aos israelitas (Lv 19.18), mas o Senhor Jesus a aplicou a
todas as pessoas em seu pronunciamento sobre o segundo e grande mandamento (Mt
22.39). Todavia, a lei já contemplava nessa palavra os estrangeiros (Lv 19.34).
Assim, nosso próximo é qualquer pessoa ou eu mesmo, pois devo também ser um
próximo, isso está claro quando Jesus manda o judeu e doutor da lei imitar o
samaritano (Lc 10.36,37).
III –
A VERDADE
1. Antigo
Testamento. Verdade é aquilo que corresponde aos fatos, em
contraste com qualquer coisa enganosa, a mentira (Dt 13.14; 17.4; Is 43.9). O
termo hebraico, emet, significa “verdade, fidelidade, firmeza, veracidade”. Daí
derivam as palavras emunah, “fé, fidelidade, firmeza” (Hc 2.4), e amen, “amém,
verdadeiramente, de fato, assim seja”. É também um atributo divino: o “Deus da
verdade” (Sl 31.5). O próprio Deus é a verdade absoluta (Dt 32.4) O Deus
verdadeiro espera que o seu povo também o seja, pois a ética é a imitação de
Deus (Mt 5.48; 1 Co 11.1).
2. Novo
Testamento. Emprega Aletheia, “verdade”, e seus derivados. O termo
vem do verbo grego, lanthano/letho, “ocultar ou encobrir algo a alguém”. O
prefixo “a” indica negação. Assim, para os gregos, aletheia significa “não
oculto, não escondido”. É aquilo que corresponde aos fatos e permanece em
oposição à falsidade (At 26.25; Rm 1.25; 9.1). Nisto se alinha com as Escrituras
Hebraicas. Esta é a verdade como parte da ética. Mas as palavras “como está a
verdade em Cristo” (Ef. 4.21), dizem respeito a “toda sua plenitude e extensão,
encarnada nele: Ele é a perfeita expressão da verdade” (Dicionário Vini). Isso
está de acordo com sua própria afirmação (Jo 14.6).
3. O
que é a verdade? Foi a pergunta que Pilatos fez a Jesus, mas
não esperou pela resposta (Jo 18.37,38). Será que ele estava convencido de que
não havia resposta, ou não se interessou de modo algum pelo retorno que Jesus
poderia dar? Para os romanos, “verdade”, veritas em latim, significa “precisão,
rigor, exatidão de um relato”. Talvez Pilatos estivesse destoado do contexto.
IV -
O CUIDADO COM A MENTIRA
1.
As testemunhas. Ninguém podia ser acusado por uma só testemunha,
pois a lei exige duas ou três testemunhas (Dt 19.15-20). Era a garantia de um
julgamento justo. Mas nem sempre isso era possível. Nabote foi acusado, julgado
e condenado conforme a lei, mas era inocente, pois as testemunhas eram falsas
(1 Rs 21.13). O Senhor Jesus foi vítima de testemunhas falsas (Mc 14.56), da
mesma forma que Estêvão (At 6.13). Mesmo com todo o rigor da lei, nunca faltou
na história quem se dispusesse a testemunhar falsamente.
2.
Os danos. A violação do nono mandamento é um atentado contra a
honra e pode destruir a reputação e o bom nome que alguém levou uma vida
inteira para construir. Seus efeitos maléficos podem ainda levar a pessoa à
morte ou à prisão, destruir casamentos e arruinar famílias. É um pecado grave
do qual muitos ainda não se deram conta. A pena contra a falsa testemunha em
Israel era a morte; tal pessoa receberá o mesmo que ela tentou fazer ao seu
próximo: "será condenado, e o castigo dele será o mesmo que ele queria
para o outro" (Dt 19.19, NTLH). Será aplicada a lei de talião (Êx
21.23-25).
3. O
pecado da mentira. Quem já viu um irmão ser disciplinado ou
cortado da comunhão da Igreja pelo pecado de mentira? A Bíblia trata o assunto
com seriedade, pois quem se converteu a Cristo precisa deixar a mentira e falar
a verdade (Ef 4.25; Cl 3.9). Os mentirosos constam da lista dos incrédulos,
homicidas, fornicadores, feiticeiros, idólatras, dentre outros (Ap 21.8;
22.15). Na graça, o tema é tratado com profundidade implicando a vida eterna, e
não envolvendo tribunais como no sistema mosaico. É desejo, portanto, de todo
cristão se parecer com Jesus e é isso o que Deus espera de todos nós (1 Pe
1.15,16).
CONCLUSÃO
Deus se interessa pelo bem-estar de
todos os seus filhos e filhas. O desrespeito pelo próximo afronta a Deus. O
Senhor Jesus nos ensinou a tratar as pessoas da mesma maneira que gostaríamos
de ser tratados (Mt 7.12). Que Deus nos ajude e nos guarde para que possamos
viver uma vida irrepreensível.
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Referências
Revista Lições Bíblicas. OS DEZ MANDAMENTOS, Valores divinos para uma sociedade em
constante mudança. Lição 11 – Não darás falso testemunho. I – O nono
mandamento. 1. Abrangência. 2. Objetivo. 3. Contexto. II – O processo. 1. Responder
em juízo. 2. Falso testemunho. 3. O próximo. III – A verdade. 1. Antigo
Testamento. 2. Novo Testamento. 3. O que é a verdade? IV – O cuidado com a
mentira. 1. As testemunhas. 2. Os danos. 3. O pecado da mentira. Editora CPAD.
Rio de Janeiro – RJ. 1° Trimestre de 2015.
Elaboração
dos slides: Pastor, Ismael Pereira de Oliveira
amém,
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