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02 maio 2011

LIÇÃO 3 - ÉFESO, A IGREJA DO AMOR ESQUECIDO


Amor e Medo

Um amigo, que também é psicólogo, afirmou certo dia que o oposto do amor não é a raiva, o ódio, mas sim, o medo. Como cristão, recordei das Escrituras onde este sentimento, amor, ganha vida e sentido pleno, está presente inclusive no texto áureo da Bíblia como elemento fundamental: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). João, o apóstolo do amor, vai além em sua primeira epístola quando diz: “No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor” (1 Jo 4.18). Observando esta citação bíblica podemos aprender muito sobre vários cenários comuns em nossos dias, quando grande parte da sociedade é dominada pelo medo, depressão e real falta de amor. Enfim, devo concordar com meu amigo: amor e medo se opõem.
            Lendo as cartas do Apocalipse às sete igrejas da Ásia, temos em primeiro plano as palavras de Cristo ao anjo da igreja em Éfeso, e refletimos: não seria um grande paradoxo que justamente a igreja antes pastoreada pelo apóstolo do amor, segundo diz a tradição cristã dos primeiros séculos, agora fosse repreendida por ter abandonado este sentimento? E mais, não seria isto um alerta de que podemos falhar, inclusive naquilo que um dia fomos referência?
A igreja de Éfeso era doutrinariamente vigorosa, fazendo jus ao trabalho dos grandes líderes que tivera, tais como Apolo (At 18.24), Timóteo (1 Tm 1.3), além da dedicação exclusiva do apóstolo Paulo por cerca de três anos (At 19.1; 20.31). Rigorosa para com os maus obreiros e dedicada ao serviço cristão. Contudo, abandonara o que era mais valioso aos olhos do Senhor, seu primeiro amor. Certamente a igreja de Éfeso não nutria qualquer sentimento de raiva ou ódio para com o Mestre. Todavia, tornara-se indiferente em seu relacionamento com Cristo. Zelosa para com seus deveres, implacável com os erros, firme diante das adversidades, mas, diante de Deus, sem um amor que valesse a pena. Amava seu trabalho, amava a doutrina, amava o bem, só não amava mais ao Senhor. Paulo afirma que sem amor nenhum sacrifício tem valor (1 Co 13.3).  
Teria o medo suplantado o primeiro amor da igreja de Éfeso?
O medo de errar, o medo de não agradar, o medo de não ser aceito, o medo...? Este sentimento que faz definhar a alma, que destrói sonhos, projetos, e até vidas por completo?
Muitos de nós temos que trabalhar duro para ter uma vida um pouco melhor. Quantas vezes sentei exausto pela fatiga do trabalho de servente de pedreiro. Mãos ardentes, embora calejadas, pele coberta de suor e já queimada pelo sol causticante do equador. Ansioso por uma pausa, ou melhor, por uma mudança radical, ainda que, apenas de labor. Mas, aquele jovem teve sorte diferente. Teve um pai afortunado. Jamais foi obrigado a enfrentar a dura lida de seus serviçais. Possuía tudo que desejava, mas, não parecia contente. Ansiava por conhecer outros mundos, aventurar-se pela vida. Decidiu pedir sua parte na herança e partir, viver independente, e pouco lhe importava o aconchego da família, o amor do pai. Seria forte o suficiente para não ser comovido por qualquer sentimento. A continuidade da história é conhecida. Ele partiu, sem pretensão alguma de voltar. Até que se encontrou fazendo o que jamais imaginara, apascentando porcos, desejando alimentar-se com as alfarrobas que fartavam aqueles animais pouco asseados. Mas ninguém lhe dava nada (Lc 15.16). Em seu coração ferido havia uma batalha. Deveria voltar para a casa de seu pai? Assumir publicamente seu pecado? Seu irmão o aceitaria? Seu pai o receberia? Talvez não. Seu erro fora muito grave. Seria melhor buscar outra saída. Novamente, o medo. Não ser aceito, não ser perdoado, não ter outra chance. Mas, não há tréguas neste embate. O arrependimento inunda aquela alma que decide voltar, custe o que custar. Em casa, seu irmão mais velho também sofre. Mas, não sofre a partida do mais moço, não sofre os dissabores da vida, não sofre a escassez e a fome que assola aquela região. Ele experimenta o mesmo sentimento de seu irmão, embora não pareça. Sente medo. Cumpre religiosamente suas obrigações, tal como o anjo da igreja de Éfeso, contudo, também lhe falta o amor. Tem amigos, mas não pode festejar. Possui muitos bens, mas deles não consegue desfrutar (Lc 15.29). Seu irmão mais novo entra em cena, lança-se nos braços do pai e chora, implora por perdão, quer ser apenas como um de seus criados. O pai amoroso o recebe, perdoa-lhe, restaura sua condição de filho. Enquanto isto, o mais velho explode, seus temores e medos mais profundos são revelados. Então, aprendemos, sem amor não há aceitação, não há alegria, não há comunhão plena.
Éfeso fez de tudo para nada dever a ninguém, todavia, esqueceu-se que sempre seremos devedores do amor (Rm 13.8).
Finalmente, seja lá o que for que tenha acontecido, Cristo oferece mais uma chance, antes do ultimato final: “Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras” (Ap 2.5).

Israel Oliveira

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