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02 março 2017

LIÇÃO 10 - MANSIDÃO: TORNA O CRENTE APTO PARA EVITAR PELEJAS / SUBSÍDIO / REVISTA DA CLASSE ADULTOS







O que é mansidão na linguagem de hoje? O pensamento predominante é que “mansidão” NÃO se traduz como uma qualidade admirável, pois logo se pensa numa pessoa com falta de dinamismo ou de ânimo, falta de força e virilidade. A melhor tradução do original para o português seria “SUAVIDADE”, mas, ainda não expressaria a ideia central dessa virtude. A língua portuguesa não traduz do original (grego) a palavra “PRAUTÊS” com adequada expressão.


O substantivo “PRAUTÊS” é composta do adjetivo “PRAUS” e do verbo “PRAUEIN”, essas palavras formam uma qualidade muito específica. Carrega em si a atmosfera e qualidade de uma pessoa que tem a natureza suavizante, ou seja, palavras que acalmam a pessoa que está em estado de ira, amargura e ressentimento contra a vida. Essa qualidade é usada como unguento que pode aliviar a dor de uma ferida. Também se refere à suavidade no tom da voz daquele que ama, por isso o amor é a base do fruto do Espírito. Resumindo, é o poder de abrandar, acalmar e tranquilizar.


Diz respeito à delicadeza na conduta, especialmente por parte das pessoas que teriam condições de agir de outra maneira. Diz-se também de um cavaleiro que de modo simpático treina e disciplina um cavalo irrequieto. Para Platão essa palavra representa a fineza e cortesia que são a base da sociedade.


“PRAUS”, essa palavra é usada regularmente referindo-se aos animais mansos, que aprenderam a aceitar a disciplina e o controle. Um cavalo que aprendeu a obedecer o freio ou um cachorro treinado para atender à voz de comando. A melhor descrição dessa palavra é o caráter de uma pessoa em que a FORÇA e a DELICADEZA caminham juntas.


A verdade, a mansidão e a justiça capacitam um soberano a prosperar e reinar (Salmos 45.5). As palavras quase chegam a significar que é a cortesia perfeita para com os homens de todas as categorias e posições, é a base de todos os relacionamentos humanos de forma correta.


Em Platão, a melhor ilustração de “PRAUTÊS” é a do cão de guarda que revela hostilidade e valentia aos estranhos e amizade gentil para com os familiares da casa os quais conhece e os ama. O melhor e mais sublime caráter do homem que é verdadeiramente manso é; “aquele que tem ao mesmo tempo impetuosidade e delicadeza nos mais altos graus. Assim, na guerra espiritual devemos ser valentes contra as trevas, mas na comunhão com os nossos irmãos devemos ser amáveis.


Repetidas vezes no AT o manso é o homem que goza do favor especial de Deus. A tal homem Deus revelará os seus segredos. Os mistérios são revelados aos mansos (Eclesiastes 3.19) “Guia os humildes na justiça, e ensina aos mansos o seu caminho” (Salmos 25.9).


Muito comumente no AT fala-se da exaltação dos mansos. Os mansos herdarão a terra (Salmos 37.11). Deus levanta-se em juízo para salvar todos os mansos de coração (Salmos 76.9). O Senhor deleita-se no seu povo, e exaltará os mansos com salvação (Salmos 149.4).


No AT Moisés é o exemplo supremo de mansidão. “Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Números 12.3). E o Sábio repete esta verdade, dizendo que Deus santificou Moisés em toda a sua fidelidade e mansidão, e escolheu-o dentre todos os homens (Eclesiastes 45.4). Portanto, Moisés é o grande exemplo de mansidão no AT, dessa forma, analisando sua vida saberemos como a mansidão se revela na vida do homem, também revela que a mansidão é indispensável na vida de um líder.


Em o NT o apóstolo Paulo pergunta aos coríntios se querem que ele vá com a vara de castigo ou com amor e espírito de mansidão (1 Coríntios 4.21). O amor Ágape significa a benevolência invencível e a boa vontade inflexível que nunca se transformará em amargura, mas sempre procurará o sumo bem do homem, sem importar-se com o que este fizer. Portanto, há uma conexão entre o amor e a mansidão.


Aplicando essa definição de amor ágape e mansidão, veremos que há ocasião em que as decisões precisam ser tomadas, não conforme o que diz as regras e os regulamentos, mas num espírito que transcende a lei. Há circunstâncias que tornam injusta a aplicação rigorosa da lei, nesse momento a mansidão faz a lei ser esquecida, passando a lidar com os outros não segundo a lei, mas pela misericórdia e amor. Ou seja, a mansidão baseada no amor corrige as falhas da lei e se torna melhor que a lei. Assim foi com a mulher que apresentaram a Jesus por causa do adultério, queriam apedrejá-la conforme a lei, mas a mansidão de Cristo superou a lei.


A mansidão está associada também à modéstia e a humildade. A humildade e a mansidão são características da vocação cristã (Efésios 4.2) “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,”.


Em contraste com a mansidão temos o castigo severo, o apóstolo Paulo coloca os dois opostos diante dos irmãos de Coríntios, quando pergunta se desejam que ele vá com a severidade da vara do castigo ou com a mansidão e amor (1 Coríntios 4.21). Mansidão é o antônimo da disciplina severa que aplica o castigo exigido pela justiça rigorosa.


A mansidão contrasta-se com o espírito de briga. Nas Epístolas Pastorais o dever do ministro cristão é conclamar todos os homens a não serem alterados, mas a darem provas de cortesia para com todos os homens (Tito 3.2) “Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens.” Portanto, mansidão é o antônimo de um espírito agressivo que vive em guerra com os homens.


Por isso, mansidão é um dos elementos essenciais da vida cristã. Mansidão é o espírito em que se deve aprender. Os homens devem receber com mansidão a palavra que pode salvar sua alma (Tiago 1.21). Mansidão é o espírito em que o homem conhece a sua própria ignorância e com a qual é suficientemente humilde para saber que não sabe; é o espírito que pode abrir a mente à verdade de Deus e o coração ao amor dELE.


Mansidão é o espírito em que a disciplina deve ser exercitada, e em que as falhas dos outros devem ser corrigidas. O conselho de Paulo é de que se alguém for surpreendido em alguma falta, certamente deve ser corrigido, mas a correção deve ser dada e aplicada em espírito de mansidão (Gálatas 6.1) “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.” Quando vemos alguém corrigindo outra pessoa com severidade, sem amor, sem misericórdia, logo percebemos que lhe falta a mansidão que as vezes ela demonstra apenas quando vai corrigir um parente ou amigo chegado.


A correção pode ser administrada de maneira a desencorajar e levar o homem ao desespero; mas se houver mansidão, essa correção pode ser aplicada de maneira a só erguer o homem, tornando-o resoluto no sentido de agir melhor e tentado à esperança de que se comportará melhor. Mansidão é o espírito que faz da correção um estímulo e não um desencorajamento; um meio para chegar à esperança e não uma causa do desespero.


Mansidão é o espírito em que se deve enfrentar a oposição. Nas Epístolas Pastorais o ministro cristão é conclamado a instruir com mansidão os que se opõe a ele (2 Timóteo 2. 25) “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade,”. Frequentemente encontramo-nos com aqueles que não concordam conosco e que têm diferenças de opinião, naturalmente apresentamos um espírito em que procuramos agredi-los verbalmente até que mudem de opinião.


Mansidão é o espírito que deve permear toda a vida cristã, ela sempre estará presente na vida e conduta do homem sábio (Tiago 3.13) “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.” O verdadeiro adorno da vida, precioso aos olhos de Deus e amável aos olhos dos homens é o espírito manso e quieto (1 Pedro 3.4) “Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus.”


Mansidão é mais do que alguma coisa delicada e graciosa. É o segredo da conquista e do poder, porque os mansos são bem-aventurados e herdarão a terra (Mateus 5.5). A mansidão faz de um homem rei entre os demais.


Vejamos essa qualidade em Jesus, ELE próprio disse que era manso e humilde de coração (Mateus 11.29). Percebe-se isso quando Jesus entrou triunfante em Jerusalém, nesse momento cumpria-se a profecia: “Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento” (Zacarias 9.9 e Mateus 21.5). A humildade e mansidão são da própria essência do caráter de Jesus.


Mansidão é a capacidade de suportar repreensões e ofensas com moderação, sem partir rapidamente para a vingança e sem ser facilmente provocado à ira, mas está livre de amargura e contenda, tendo tranquilidade e estabilidade de espírito. Jesus sofreu com os açoites, cuspiram no mestre, crucificaram-o numa cruz, mas ele não mostrou vingança nem rancor, mas disse, PAI perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.


O contrário da mansidão é a ira, por isso, explodir em ira é errado, mas, ser submisso com espírito de escravidão também é errado. Visto, portanto, estes dois extremos de caráter errados, fica claro que o meio termo entre eles é certo, porque não é um gênio precipitado nem lento demais, não fica irado contra pessoas com quem não deve ficar, nem deixa de expressar sua ira contra quem deve. O homem manso é o meio termo entre aquele que é servil e aquele que é severo.


Por isso, vemos Jesus tratar com muito amor os pecadores, mas com severidade os cambista no templo. Para Aristóteles, cada virtude é o meio entre dois extremos. Por um lado está o extremo do excesso e por outro está o extremo da deficiência; porém, entre eles está meio. Para Aristóteles a mansidão é o meio termo entre a ira excessiva e a falta excessiva de ira. O homem manso é aquele que se ira “por motivos justos, contra as pessoas certas, da maneira certa, no momento certo e pelo prazo certo”. Até par irar-se tem o momento certo. No templo Jesus irou-se, porém ficou restrito a pessoas certas, momento certo, tempo certo, não vemos Jesus irando-se contra seus discípulos, nem mesmo contra aquele que o traía, menos ainda contra aqueles que o foram prender. Pedro irou-se na hora errada ao cortar a orelha do soldado, Jesus o corrige com amor e devolveu a orelha ao seu lugar.


Ser manso não é ser uma criatura sem caráter, pois assim como Moisés era um homem que possuía uma combinação de força e suavidade, assim vemos em Jesus e assim devemos ser. O significado radical de manso é o autocontrole, ou seja, é o controle completo da parte impetuosa da nossa natureza. Quando temos mansidão, tratamos todos os homens com cortesia perfeita, podemos repreender sem rancor, podemos debater sem intolerância, podemos enfrentar a verdade sem ressentimento, podemos irar-nos sem pecar e podemos ser mansos sem ser fracos. Mansidão é a virtude na qual nos relacionamos com a nossa própria natureza humana e com o próximo de uma forma perfeita e completa.


Sabendo o que significa essa grande virtude, pergunta-se, “quem poderá atingir esse autocontrole para si e por si mesmo? As explosões de ira rompem-se nas correrias do dia-a-dia e são fortes demais para que a vontade e a razão possam refreá-las. Exatamente por esse motivo que o Espírito de Deus produz esse fruto na vida do cristão. Portanto, mansidão é o poder que mediante o Espírito Santo, faz a força poderosa e explosiva da ira ser aproveitada de forma correta no relacionamento com o próximo e com Deus. Aleluia!


JESUS CRISTO é apresentado na Bíblia como o LEÃO da tribo de Judá, manifesta então sua valentia contra os seus inimigos. Mas também é apresentado como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, manifesta seu amor para com a humanidade. Jesus é o exemplo perfeito de mansidão. Por isso ELE nos deu o Espírito Santo para nos ensinar a sermos mansos.


Bons estudos e boa aula!

Pr. Ismael Oliveira.

Fonte de consulta, livro “As Obras da Carne e o Fruto do Espírito” de William Barclay.


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