LIÇÃO
10 - JESUS E O DINHEIRO
TEXTO
ÁUREO
"E, vendo Jesus que ele ficara
muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm
riquezas!" (Lc 18.24)
VERDADE
PRÁTICA
As Escrituras não condenam a aquisição
honesta de riquezas, e, sim, o amor a elas dispensado.
INTRODUÇÃO
O cristianismo bíblico e ortodoxo sempre
manteve uma posição de cautela e até mesmo reserva com respeito ao uso do dinheiro
e aquisição de riquezas. Na verdade, os primeiros líderes cristãos, inspirados
nos ensinos de Jesus, passaram a desestimular a aquisição de bens materiais.
Entretanto, o secularismo e o materialismo sempre rondaram o arraial cristão e,
vez por outra, Mamon tem deixado suas marcas em nosso meio.
Observaremos, nesta lição, que os
ensinos de Jesus sobre a aquisição de riquezas se distanciam do judaísmo de
seus dias e, também, daquele que é praticado hoje por muitos setores do
cristianismo evangélico. Longe de estimular a aquisição de bens, como fazem
dezenas de igrejas, Jesus aconselhava se desvencilhar delas.
Aprendamos com o Mestre o uso correto do
dinheiro e como ser bons mordomos dos bens que nos foram confiados.
I -
O DINHEIRO, BENS E POSSES NAS PERSPECTIVAS SECULAR E CRISTÃ
1.
Perspectiva secular. Uma das formas mais comuns de se enxergar o
dinheiro, bens e posses na cultura secular é vê-los apenas como algo de
natureza puramente material. Tanto no mundo antigo quanto no contemporâneo, é
possível observar que a realidade material pareceu sempre se sobrepor à
espiritual. O material passa a dominar a vida das pessoas e isso inclui
dinheiro, bens e posses. No Mundo Ocidental, essa forma de enxergar as coisas
transformou-se em uma filosofia de vida que se recusa a enxergar outra coisa
além da matéria. Por essa perspectiva, o material é superestimado enquanto o
espiritual é ignorado e suplantado. Nesse contexto, quem tem posses é
valorizado, e quem não as possui nada vale. O dinheiro, como valor material que
garante posses, ganha o status de senhor em vez de servo.
2.
Perspectiva cristã. No contexto cristão, o mesmo Deus que fez o
espiritual é o mesmo que fez o material. Nos ensinos de Cristo, não há um
dualismo entre matéria e espírito! Todavia, as coisas espirituais, por serem de
natureza eterna, ganham primazia sobre as materiais, que são apenas temporais
(Lc 10.41). Na perspectiva cristã, portanto, as dimensões material e espiritual
devem coexistir. Assim como servimos a Deus com o nosso espírito, nossa
dimensão espiritual, devemos também servir com o nosso corpo (1 Co 6.19,20; 1
Ts 5.23), nossa dimensão material. Dessa forma, quem se tornou participante dos
valores espirituais deve também servir com seus bens materiais (Rm 15.27; Lc
8.3). Aqui, o dinheiro, como valor material, não é visto como senhor, mas
apenas como um servo.
II -
DINHEIRO, BENS E POSSES NO JUDAÍSMO DO TEMPO DE JESUS
1.
Ricos e pobres. No judaísmo do tempo de Jesus, a sociedade
estava dividida em dois grupos: os ricos e os pobres. Na classe mais abastada,
estavam os sacerdotes, participantes de uma elite que controlava o sistema de
sacrifícios e lucravam com ele, e os herodianos que possuíam grandes
propriedades. Um outro grupo era formado por membros da aristocracia judaica
que enriqueceu à custa de impostos de suas propriedades e ao seu comércio. O
último grupo era formado por judeus comerciantes, que, embora não possuíssem
herdades, participavam ativamente da vida econômica da nação. No extremo oposto
dessa situação, estavam os pobres! Estes eram "o povo da terra" (Lc
21.1-4). Não possuíam nada e ainda eram oprimidos pelos ricos (Tg 2.6).
2.
Generosidade e prosperidade. Na cultura judaica nos dias de Jesus,
a posse de bens materiais não era vista como um mal em si. O expositor bíblico
P. H. Davids observa que os exemplos de Abraão, Salomão e Jó serviam de
inspiração àqueles que almejavam a prosperidade. A ideia era que os ricos prosperavam
porque sobre eles estava o favor de Deus. Dessa forma, a prosperidade passou a
ser associada à piedade. Para evitar a avareza e a ganância, a tradição
rabínica estimulava os ricos a serem generosos e solidários com os pobres, que
era maioria na comunidade. Evidentemente
que essa concepção estimulava apenas as ações exteriores, sem levar em conta as
atitudes interiores (Lc 21.4).
III
- DINHEIRO, BENS E POSSES NOS ENSINOS DE JESUS
1.
Jesus alertou sobre os perigos da riqueza. O ensino de Jesus
sobre o uso das riquezas foi muito mais radical do que ensinava o judaísmo e a
tradição rabínica dos seus dias. Jesus, ao contrário dos rabinos, não associou
a piedade com a prosperidade. A riqueza de alguém nada dizia sobre a sua real
condição espiritual. Para Jesus, o perigo das riquezas estava no fato de que
elas poderiam, até mesmo, se transformar numa personificação do mal e
reivindicar o culto para si. Por isso, advertiu: "Não podeis servir a Deus
e [as riquezas]" (Lc 16.13). O vocábulo traduzido como
"riqueza", nesse texto, corresponde à palavra grega de origem aramaica
Mammonas, traduzida na ARC como Mamom. A riqueza pode se transformar em um
ídolo, ou deus, para aqueles que a possui.
Nesse aspecto, as riquezas tornam-se um obstáculo no caminho daquele que
serve a Deus (Lc 8.14).
2.
Jesus ensinou a confiança em Deus. Embora Jesus tenha
mostrado que as riquezas podem, até mesmo, se tornar uma personificação do mal,
Ele não as demonizou. No entanto, na perspectiva lucana, Jesus desencoraja a
aquisição de riquezas (Lc 12.13; 18.22) e estimula a confiança em Deus. E havia
uma razão para isso. Logo após mostrar os perigos da avareza a alguém que
queria fazer dEle um juiz em uma questão relacionada a uma herança, Jesus
revela a seus discípulos que a melhor forma de se proteger desse mal é confiar
inteiramente na provisão divina (Lc 12.13-34). As riquezas dão a falsa sensação
de segurança e de independência das coisas espirituais. Daí, sua recomendação
para não se confiar nelas (Lc 12.33,34).
IV -
DINHEIRO, BENS E POSSES NA MORDOMIA CRISTÃ
1.
Avaliando a intenção do coração. Os léxicos definem a
avareza como um apego demasiado e sórdido ao dinheiro e mesquinhez. Vimos que,
para evitar esse mal, a tradição rabínica estimulava as práticas filantrópicas
e solidárias. O ensino de Jesus sobre o uso das riquezas vai muito além da
simples doação de bens e ações filantrópicas. Ele não se limitava a avaliar
apenas as ações exteriores, mas, sobretudo, voltava-se para as atitudes
interiores. Dessa forma, valorizou as atitudes da mulher pecadora na casa de
Simão, o leproso, e de Maria de Betânia, a irmã de Marta e de Lázaro (Lc
7.36-50). Não era, portanto, apenas se desfazer dos bens, mas a atitude e intenção
com que isso era feito (Lc 11.41; 21.1-4). Não basta apenas ofertar, ou dar o
dízimo, mas a atitude com que se faz essas coisas. Não era apenas doar, mas
doar-se.
2.
Entesourando no céu. Mordomo é alguém que administra os bens de
outra pessoa. Os bens não lhe pertencem, mas ele pode usufruir deles enquanto
os administra para seu legítimo dono. Jesus contou a parábola do administrador,
ou mordomo infiel, para mostrar esse fato (Lc 16.1-13). O entendimento entre os
intérpretes da Bíblia é que essa parábola tem um fim escatológico. Assim como
os filhos deste mundo são perspicazes e astutos no que diz respeito ao uso de
suas riquezas, assim também os filhos do Reino devem ser sábios na aplicação de
seus bens. O ensino da parábola é que o melhor investimento é usar os recursos
materiais adquiridos na propagação do Reino de Deus e, dessa forma, ganhar
amigos para a vida eterna (Lc 16.9).
CONCLUSÃO
Não há valor moral no dinheiro em si.
Ter dinheiro pode ser uma coisa boa ou ruim. Isso vai depender do conjunto de
valores daquele que o utiliza. Certamente, usar o dinheiro para ajudar uma obra
filantrópica, ou investir na obra missionária, é uma coisa útil e louvável.
Todavia, usar esse dinheiro, como advertiu Jesus, simplesmente com a atitude de
querer mais posses, mais prestígio, mais autossatisfação, acaba se tornando uma
coisa ruim. Leiamos com cuidado o terceiro Evangelho e descubramos o exercício
da verdadeira mordomia cristã.
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Referências
Revista Lições Bíblicas. JESUS, O HOMEM PERFEITO, O Evangelho
de Lucas, o médico amado. Lição 10 – JESUS e o dinheiro. I – O dinheiro,
bens e posses nas perspectivas secular e cristã. 1. Perspectiva secular. 2. Perspectiva
cristã. II – Dinheiro, bens e posses no judaísmo do tempo de Jesus. 1. Ricos e
pobres. 2. Generosidade e prosperidade. III – Dinheiro, bens e posses nos
ensinos de Jesus. 1. Jesus alertou sobre os perigos da riqueza. 2. Jesus
ensinou a confiança em Deus. VI – Dinheiro, bens e posses na mordomia cristã.
1. Avaliando a intenção do coração. 2. Entesourando no céu. Editora CPAD. Rio
de Janeiro – RJ. 2° Trimestre de 2015.
Elaboração
dos slides: Pastor, Ismael Pereira de Oliveira
Obrigada irmãos esse site é uma benção! Deus continue vos abençoando!
ResponderExcluirOtima aula, que o Eterno te abençoe!!!!.
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